IV. Coleção de Sermões do Pastor/Gênesis

Gênesis 33 – E fez conforme lhe fora ordenado

lampchurch 2025. 6. 20. 04:55

A palavra de Deus que examinaremos juntos hoje é de Gênesis capítulo 6, versículos 18 a 7:5.

 

Mas contigo estabelecerei meu pacto, e você entrará na arca, e contigo teus filhos, tua mulher, e as mulheres de teus filhos. De todos os seres vivos meterás na arca dois de cada espécie, um macho e uma fêmea, para que sobrevivam contigo. Das aves segundo sua espécie, das bestas segundo sua espécie, e de todo réptil da terra segundo sua espécie, entrarão contigo dois de cada espécie, para que sobrevivam. Leve contigo de tudo aquilo que se pode comer, e armazene-o, pois isso lhes servirá de alimento.» E Noé o fez assim. Tudo o fez conforme o que Deus lhe ordenou. Depois o Senhor lhe disse a Noé: «Entra na arca, tu e toda tua casa, porque nesta geração tenho visto que tu és justo diante de mim. De todo animal limpo tomarás sete pares, cada macho com sua fêmea; mas dos animais que não são limpos só um par, um macho com sua fêmea. Também das aves dos céus tomarás sete pares, macho e fêmea, para conservar viva sua espécie sobre a face da terra. Porque dentro de sete dias eu farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e apagarei da face da terra a todos os seres vivos que fiz.» Noé fez tudo em conformidade com o que lhe mandou o Senhor.” Amém.

 

O Núcleo da História de Noé: 'Mas Noé Achou Graça'

Quando vemos filmes, frequentemente vemos cenas verdadeiramente cheias de suspense. É o mesmo quando vemos transmissões esportivas. Frequentemente sinto essa mesma emoção ansiosa quando vejo vídeos documentários de pessoas escalando rochas. Quando vejo esses escaladores se agarrando ao penhasco com um único dedo, suportando todo o peso do seu corpo enquanto ascendem a montanha, frequentemente me preocupo, pensando, e se mesmo um dedo escorregar? Porque todo o peso do escalador descansa sobre esse único dedo.

 

Quando lemos a história de Noé em Gênesis, podemos descobrir um versículo que suporta e sustenta toda esta história de Noé como esse dedo do escalador. É a palavra que se encontra no capítulo 6, versículo 8: "Mas Noé achou graça ante os olhos do Senhor." Este versículo, que começa com 'Mas', desempenha o papel desse dedo, suportando cada parte da história de Noé, incluindo a passagem de hoje. Tudo sobre a história de Noé, incluindo a arca e o dilúvio, está pendurado nesta afirmação.

 

Os Resultados da Graça: Homem Justo, Irrepreensível, Caminhou com Deus, A Arca

A expressão de que Noé foi justo não significa que viveu justamente bem, mas significa que, porque Noé recebeu graça, Deus o considerou justo. Porque Noé recebeu graça, a Bíblia o chama de irrepreensível. Examinamos como receber graça se expressou de outra maneira: a frase 'caminhou com Deus'.

 

Assim, em sermões anteriores, analisamos em detalhe como Noé foi justo, irrepreensível e caminhou com Deus. A arca foi igual. Porque a arca explicava a graça, Deus a projetou, a levou a cabo, e mesmo quando Noé entrou na arca e fechou a porta, a Bíblia nos diz que não foi Noé, mas Deus mesmo quem fechou essa porta. Deus presidiu tudo não apenas então, mas também durante todo o período do dilúvio. Aprendemos que durante os longos anos que Noé passou construindo a arca, Deus não apenas deu ordens e se manteve à parte, mas esteve presente com guia contínua e amor durante todo o processo. E como resultado, quando entraram na arca, chegaram a morar com Deus dentro dela, e o reino de Deus se manifestou em seu interior.

 

Milagres e a Presença do Reino de Deus

Pode parecer que muitos eventos que comumente chamamos de milagres são registrados com frequência na Bíblia, mas na realidade não é assim. Muitos profetas entregaram assombrosas profecias e a palavra de Deus, no entanto, não podemos encontrar muitas histórias de milagres deles. No entanto, se há lugares na Bíblia onde os milagres se concentram, poderíamos mencionar os tempos dos profetas Elias e Eliseu, e o seguinte provavelmente seria a história de Noé. Mas a história de milagres mais grandiosa, incomparável a qualquer outra, seguramente seria a de Jesus Cristo.

 

No entanto, quando ocorriam tais milagres, sempre havia uma característica acompanhante. Era que esses milagres aconteciam quando o reino de Deus irrompia nesta terra e a aparência desse reino nos era mostrada. Jesus falou de que o reino de Deus havia chegado entre vocês. Porque Cristo mesmo é o reino de Deus. Portanto, o reino de Deus se manifestou dentro desta arca, e o fato de que a paz, o descanso e a alegria o acompanhavam pode ser sabido através do leão e do cordeiro, e de todos os animais, habitando em harmonia.

 

A seguir, o fato mais surpreendente que podemos aprender ao olhar para a arca foi que nos deu a salvação não da água, mas através da água. Esta arca desempenhou um papel similar ao batismo. Assim como o batismo que Jesus recebeu na cruz implicou que toda a ira e maldição de Deus fossem derramadas sobre Cristo, essas coisas aconteceram também à arca; a tempestade e as ondas foram a ira e a maldição de Deus dirigidas a Jesus, e todos os que estavam dentro foram salvos através dessa arca.

 

A Estrutura da Arca: Ecos da Criação e do Tabernáculo

O sermão de hoje parece provável que seja a parte final da história de Noé pendurada nesta graça. Pretendemos examinar primeiro estes eventos que aconteceram a Noé e à arca através da lente da própria arca. Há muitas características da arca que ainda não examinamos. Uma delas é a estrutura desta arca; o fato de que esta embarcação consistia de 3 níveis.

 

Esta estrutura de 3 níveis corresponde à cosmologia que o povo hebreu sustentava naquele momento. Porque esta cosmologia hebraica é precisamente a estrutura da criação. Significa os três reinos da criação: os céus sobre os céus, o céu que vemos incluindo a atmosfera, e a terra e a região em que vivemos. Assim, os hebreus pensavam no universo dividido nestas três partes, e curiosamente, esta estrutura também coincide com a estrutura do Tabernáculo. O átrio, o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo, também chamado o céu sobre os céus – estas três partes.

 

Portanto, a Bíblia na realidade está falando de uma estrutura em todas essas coisas. É a história do Éden e a história da criação. Assim, percebemos que a história do dilúvio de Noé e a história do Tabernáculo na realidade estão nos mostrando um único fato.

 

O Dilúvio: Descriação e a Passagem para a Nova Criação

Esse é o conceito de criação, o tema mais importante de Gênesis. Esta arca nos conta a história da criação. A passagem de hoje, versículo 20, registra isto: "Das aves segundo sua espécie, e das bestas segundo sua espécie, de todo réptil da terra segundo sua espécie, dois de cada espécie entrarão contigo, para que tenham vida." Esta redação soa familiar, não é?

 

Quando Deus criou o mundo pela primeira vez, criou os animais segundo suas espécies. Portanto, no mandamento de Deus a Noé para que os animais saíssem segundo suas espécies, podemos ver que esta história é muito similar a quando Deus criou o mundo pela primeira vez. Assim, considerando a estrutura desta arca e as histórias dos animais, podemos entender facilmente que estas histórias estão estreitamente relacionadas com a criação de Deus.

 

Então, por que esta história terminou com um dilúvio? No processo de encontrar a resposta a esta pergunta, chegarão a perceber a grande graça e amor de Deus. Se Deus decidiu julgar a humanidade, poderia ter julgado com fogo, ou mesmo ter partido a terra ao meio, mas Deus escolheu a água. Lembram-se das palavras de Gênesis 1:2? "E a terra estava desordenada e vazia, e as trevas estavam sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas." A água estava presente quando a criação começou. E a era em que existia essa água era de caos e vazio.

 

Então, o que significa cobrir o mundo com água? Significa inverter a criação para trás. Por isso alguns chamaram a isso descriação. Porque vai contra a criação, voltando justo antes do mandamento 'Haja luz', ou seja, justo antes que a ordem fosse estabelecida. Se entendem isso, percebem que a Bíblia não é simplesmente uma história de Deus destruindo o mundo que criou com um dilúvio, mas que um conteúdo extremamente teológico está oculto dentro dela. Quando se usa a palavra teologia, pode parecer difícil de entender, mas simplesmente dito, significa que Deus fez tudo isso dentro de Seu plano e intenções meticulosos, e a Bíblia registra isso exatamente como aconteceu.

 

Portanto, a Bíblia não é meramente um livro que registra história ou eventos de maneira factual, mas um livro que nos mostra e informa sobre assuntos concernentes a quem é Deus – o sujeito de nossa teologia e fé – junto com as profundas intenções de Deus. Assim, através disso, entendemos que a arca está falando da criação, e esta criação não é uma criação simples, mas uma criação que atravessa o processo de criação e descriação para emergir em outro lugar. A afirmação de que atravessou a descriação significa, em outras palavras, que em tal situação onde tudo vai para trás, inclusive atravessou o pecado. Atravessou também a morte. Nada pode detê-la. Nem o pecado nem nossa fraqueza puderam deter a criação de Deus.

 

Este evento do dilúvio de Noé nos mostra que a criação que agora desfrutamos é uma criação que conquistou o pecado, uma criação que conquistou a morte. A história deste dilúvio nos diz o fato de que nenhuma maldição, castigo, nem mesmo o inferno, pode deter ou superar esta história da criação. Porque mostra Deus preservando a semente da mulher através da família de Noé até o final, realizando assim Sua história de salvação.

 

O Alcance do Dilúvio: Global ou Local?

Embora demore um pouco, parece melhor explicar esta parte um pouco mais. Se entendem que a Bíblia procede desta maneira, seria bom que reconsiderassem o evento deste dilúvio. Em muitas interpretações bíblicas tradicionais, dado que este dilúvio se expressa como se aplicando coletivamente a todas as pessoas sobre a face da terra, alguns se perguntam se é realmente possível que todo o globo fique submerso em água. E com respeito a isso, alguns duvidam de como poderia ser possível que toda a terra fique submersa.

 

Para entender esta parte, há várias coisas que devemos considerar. Primeiro, como se mencionou antes, a história de Noé não é apenas a Bíblia contando sobre a vida de Noé unicamente, mas que representa Noé como um segundo Adão. Assim, a história de Noé pode ser recebida como uma mensagem de que Deus mostrará uma nova criação em nome de toda a humanidade destruída em pecaminosidade, e todas as palavras usadas nesta passagem enfatizam repetidamente que isso aconteceu em toda a terra usando continuamente palavras como 'todo' ou 'cada'. Portanto, tomado literalmente, todo o globo se torna o alcance do dilúvio de Noé.

 

O Significado de 'Todo' e Perspectivas Antigas

No entanto, outra interpretação é possível aqui. Isso também não é fácil de entender. Esta segunda interpretação explica o dilúvio através do uso da palavra 'todo' tal como aparece na Bíblia. Vejamos a história de José, que conhecem bem. Quando José se tornou primeiro-ministro do Egito, preparou-se bem para a fome de sete anos do Egito, de modo que muitas nações naquele momento, inclusive a família de Jacó em Canaã, vieram comprar grão. Entre as expressões de Gênesis que descrevem esse tempo, está a frase ‘todos os países vieram a José para comprar grão’. A palavra usada então é a palavra hebraica para ‘todo’. E esta palavra também é usada ao descrever as nações que frequentavam a era de Salomão.

 

Então, entre todas essas nações, vieram também pessoas da península coreana durante a era Gojoseon? Já que diz 'todas as nações', Gojoseon deveria estar incluído. Mas isso provavelmente não é verdade. Expressões similares se encontram nos Evangelhos. Quando Jesus pregou o evangelho em certa região, expressa-se que toda a gente saiu para escutar a palavra. Então essa afirmação provavelmente não se referia a cada residente da aldeia, incluindo todos os bebês lactentes. Portanto, a expressão ‘todo’ usada na Bíblia não é um conceito de totalidade em um sentido matemático ou científico, mas uma descrição geral que expressa uma grande quantidade.

 

Então vejamos de novo a situação naquele momento através dos olhos de Noé. Ou vejamos de novo através dos olhos de Moisés, quem registrou pela primeira vez esta Bíblia. Na era de Noé e Moisés, o que significaria o conceito do mundo inteiro? Naquele momento, provavelmente não teriam pensado que a água cobriu toda a terra porque a terra é redonda. Na era em que se registrou Gênesis, provavelmente pensavam no mundo centrado ao redor da região da Mesopotâmia conhecida por eles através de seus olhos naquele momento, e portanto, o significado de que o mundo inteiro ficou submerso em água na passagem de hoje poderia talvez se referir apenas a essa região, não a todo o globo.

 

Mensagem Central: Salvação na Pecaminosidade e um Novo Começo

É claro que, como mencionado anteriormente, dado que a Bíblia não registra isso em detalhe, não seria errado dizer que todo o globo ficou coberto por água. No entanto, se o dilúvio descrito por Noé ou Moisés não cobriu todo o globo, significa isso que pôde ter havido pessoas que sobreviveram ao dilúvio? Este é um assunto ligeiramente diferente. Adão e Eva, destas duas pessoas, a humanidade começou a se multiplicar e se moveu continuamente para o leste – esse foi o começo de Gênesis. Então, até onde se moveram? Vocês creem que puderam ter chegado à península coreana? Provavelmente não.

 

Durante esse longo período, a humanidade se moveu continuamente para o leste, mas podemos ver que levou muito tempo. Assim, historicamente, embora se tenham descoberto umas 4.000 tábuas de argila com registros deste dilúvio, quase todas foram encontradas concentradas na região da Mesopotâmia, ou seja, a região da Turquia. E o número de tábuas encontradas na África é o menor. É claro, também se encontraram na Ásia, mas o número não é grande. Inferindo desses fatos, podemos ver que o foco desta história do dilúvio é seu significado religioso e teológico, não seu alcance preciso ou fatos científicos.

 

Em outras palavras, o importante não é se todo o globo ficou submerso em água, incluindo o Monte Everest mais alto do mundo, mas que a mensagem que Deus quer nos transmitir através do dilúvio de Noé hoje é que, devido à pecaminosidade de todo o mundo, Deus preservou Noé como um segundo Adão para realizar Sua salvação através da semente da mulher.

 

Fé e Ciência: Um Enfoque Mutuamente Complementar

A postura que devemos tomar com respeito a esta história do dilúvio não é escolher um lado para crer, mas sim uma questão de entender as obras de Deus. Isto claramente não é um objeto de fé. Portanto, não há necessidade de se convencer absolutamente de que creem que todo o globo ficou submerso em água. Só precisamos entender claramente as obras de Deus dentro destes eventos.

 

Quer este evento tenha ocorrido globalmente ou parcialmente, só precisamos entender a obra de Deus nesse processo. Ou seja, é um fato claro que Deus usou Noé como um segundo Adão para fazer Sua obra devido à pecaminosidade de toda a humanidade, e esses eventos ocorreram, mas nesse processo, toda a terra pôde ter ficado submersa em água, ou talvez o dilúvio ocorreu parcialmente. E dado que a Bíblia não revela isto claramente, nem podemos prová-lo, este fato não pode ser dogmatizado.

 

Na realidade, para explicar melhor este dilúvio, o lado que argumenta que todo o globo ficou submerso é muito mais vantajoso. No entanto, por outro lado, esta afirmação também apresenta muitas perguntas difíceis que lutamos para explicar. Por exemplo, se todo o globo ficasse submerso, a água doce e a água salgada inevitavelmente se misturariam, e em tal situação, o ambiente se tornaria um onde todos os numerosos peixes não registrados na Bíblia inevitavelmente morreriam. Mas, é claro, a Bíblia não tem registro disto. Pelo contrário, tampouco há registros na Bíblia que sugiram que só partes da terra ficaram submersas. Porque, como se mencionou antes, a Bíblia não é um livro que faz descrições científicas, mas um livro que faz descrições teológicas transmitindo uma mensagem.

 

É claro, poderia haver partes na Bíblia que possam reconhecer fatos cientificamente verificáveis. No entanto, muitas tentativas de ler e entender a Bíblia unicamente através de um enfoque científico, apesar de ter muitos pontos benéficos, não podem interpretar corretamente toda a Escritura devido às limitações da cosmovisão científica, que só reconhece fatos provados por experimentos repetitivos. Porque a maioria dos eventos registrados na Bíblia frequentemente são coisas que não se podem repetir. Portanto, estes fatos bíblicos não podem ser reproduzidos em um laboratório.

 

No entanto, não temos absolutamente nenhuma necessidade de conceder que todos os registros na Bíblia poderiam não ser fatos históricos. Porque a Bíblia é de fato um fato histórico, e tudo isso pode ser explicado. Muita gente pensa que a ciência e a Bíblia entram em conflito em muitas áreas, mas na realidade, há muito mais áreas onde se complementam mutuamente do que onde se chocam. Portanto, ao ler a Bíblia, em vez de insistir obstinadamente em que só o que eu creio é um fato, o enfoque correto seria entender que a ciência pode explicar a Bíblia, e para as partes que não pode, a Bíblia pode explicar.

 

Olhando o dilúvio desta perspectiva, o centro desta história é o fato de que ocorreu uma nova criação através de Noé como o segundo Adão. Este é precisamente a mensagem que a arca nos transmite.

 

Animais Limpos e Impuros: Diferença no Capítulo 7

No entanto, isso não é tudo. Agora precisamos examinar o significado de Noé mais profundamente. Se o significado final da arca foi a nova criação, o significado final que Noé tem está disperso por toda a passagem de hoje. Vejamos novamente o conteúdo dos capítulos 6 e 7. Muito conteúdo é registrado repetidamente aqui. Por exemplo, o evento dos animais entrando na arca, a história da construção da arca e a história de Noé sendo justo são fatos registrados continuamente de forma repetida. Ou seja, o conteúdo do capítulo 7, versículos 1 ao 5, tem uma estrutura que repete novamente o capítulo 6.

 

No entanto, dentro desta estrutura repetida, há um versículo que é único e completamente diferente. Isso torna a passagem de hoje, capítulo 7, versículos 1 ao 5, algo peculiar. Examinemos o que é isso. O capítulo 6 precedente registra que casais macho e fêmea entraram na arca. Mas a passagem de hoje, capítulo 7, registra que entraram sete casais de animais limpos, macho e fêmea, e um casal de animais impuros, macho e fêmea. Este é um conteúdo que estava ausente no capítulo 6 precedente.

 

Significado de Limpo/Impuro: Santidade e Adoração

A história sobre coisas limpas e impuras também estava ausente, aparecendo pela primeira vez aqui no capítulo 7. É claramente um conteúdo diferente. Ou seja, neste capítulo 7, apareceu pela primeira vez uma história assombrosa sobre coisas limpas e impuras. Em que parte da Bíblia aparece com maior frequência a história sobre o limpo e o impuro? Não nos tempos de Noé, mas apareceu muito na era da Lei, no Êxodo e Levítico de Moisés. Aparece conteúdo que estabelece que os animais com casco fendido são impuros e não devem ser comidos.

 

Naquele tempo, a base para dividir o limpo e o impuro era principalmente se podia ser comido ou não. E as coisas limpas eram consideradas santas e podiam ser usadas ao oferecer sacrifícios a Deus. Por exemplo, o porco, que tem um casco fendido que gostamos, era um animal santo ou impuro? Era um animal impuro. Por isso os judeus não comem porco. Então, o porco é um animal ruim por razões de saúde, ou por várias outras razões?

 

Segundo me lembro, os médicos de medicina tradicional coreana sempre diziam que não se devia comer porco junto com a medicina herbal ao prescrevê-la. Talvez pensassem que o porco, por conter muita gordura, não era bom para a eficácia da medicina. No entanto, hoje em dia, alguns argumentam que o porco é mais benéfico para a saúde do que a carne bovina. Qual é a verdade, é claro, pode não ser importante. Mas uma coisa é certa: o porco em si mesmo não é impuro.

 

Mesmo na Bíblia, não diz em absoluto que o porco seja impuro porque sua qualidade seja muito inferior à da carne bovina. É só que para explicar o conceito da santidade de Deus, Ele dividiu as coisas em santas e impuras. Lembram-se do evento que aconteceu em Jope quando Jesus Cristo veio? O que aconteceu então? Deus ordena a Pedro que coma todas as coisas impuras e santas que descem do céu. Pedro se surpreende e replica a Deus como poderia comer isso, já que nunca comeu nem tocou comida impura e está limpo. Naquele momento, Deus lhe diz que não chame impuro o que Ele declarou limpo, e faz com que Pedro coma esses animais.

 

Assim, gentios e israelitas se tornaram um, e já não precisamos nos preocupar ao comer porco. Se esta lei ainda permanecesse, ainda estaríamos vivendo sem poder comer barriga de porco (samgyeopsal). Vocês veem a grande diferença agora? A divisão de impuro e limpo não se trata da natureza ou qualificação do animal em si, mas explica o conceito da santidade de Deus. Através desta divisão, Deus mostra Sua santidade, e em um sentido mais estrito, também explica assuntos concernentes ao sacrifício e à aproximação a Deus.

 

Então, por que apareceram juntos o limpo e o impuro? Foi também para dividir a comida nos tempos de Noé? De fato, é muito mais provável que não se tratasse de comida nos tempos de Noé. Porque naquele tempo, as pessoas não comiam carne. Deus permitiu aos humanos comer carne só depois que o dilúvio terminou. Só então as pessoas puderam comer carne, excluindo o sangue. Portanto, é muito mais provável que as pessoas não comessem carne em absoluto antes do dilúvio. Pelo menos, as pessoas piedosas provavelmente não comiam carne.

 

Então, qual foi a razão para dividir o limpo e o impuro baseando-se na comida? Se todos eram animais e não comida naquele momento, qual foi a base para dividi-los? Sim, mostra que esta santidade se aplica à adoração e ao sacrifício. Ou seja, os animais limpos que entram na arca simbolizam a adoração e o sacrifício. Posso dizer isso porque este conceito de sacrifício e adoração dentro da arca também corresponde com o conceito de Noé.

 

Versículo Repetido: 'Fez Conforme a Tudo o que Deus lhe Mandou'

Esta divisão foi a principal diferença vista no capítulo 7 do texto. Então, qual é o versículo repetido identicamente nos capítulos 6 e 7? É o capítulo 6, versículo 22: "E o fez assim Noé; fez conforme a tudo o que Deus lhe mandou." Este versículo se traduz um pouco mais claramente nas Bíblias em inglês. Nas Bíblias em inglês, podem ver a palavra 'Did' (Fez) aparecendo duas vezes. É uma expressão que enfatiza fortemente que Noé fez tudo.

 

Na Bíblia coreana, esta oração se expressa como ‘fez tudo o que foi mandado’. No entanto, esta tradução expressa uma intenção muito profunda, por isso, de fato, a Nova Tradução Padrão Coreana o traduziu com mais precisão: “Noé fez conforme a tudo o que Deus lhe mandou. Fez exatamente assim.” Diz que Noé fez, e verdadeiramente fez assim. Enfatizou fortemente o fato de que Noé fez tudo exatamente como lhe foi mandado.

 

Mas por favor olhem de novo começando pela passagem de hoje, capítulo 7, versículo 5. Como terminou esse versículo? Leiamos o capítulo 7, versículo 5: “E fez Noé conforme a tudo o que lhe mandou o Senhor.” Olhando este versículo simplesmente, saberão imediatamente. Esta é claramente a Bíblia repetindo intencionalmente o mesmo conteúdo estruturalmente, e há uma intenção definida de Deus aqui.

 

Significado de 'Fez Conforme o Mandado': Obediência Dentro da Graça

O significado de fez conforme o mandado (준행, junhaeng) literalmente significa que Noé fez tudo o que Deus lhe disse para fazer. Então, o que é o primeiro que podemos pensar? A mensagem da Bíblia de hoje é provavelmente que nós também, como Noé, devemos obedecer a palavra de Deus, segui-la e viver guardando-a, certo?

 

No entanto, lembram-se da ilustração que mencionei no princípio deste sermão? Como o escalador se agarrando à beira da rocha com as pontas dos dedos suportando todo o peso do corpo, a oração correspondente à ponta do dedo que suporta tudo na passagem de hoje foi a frase ‘achou graça’. Em outras palavras, este versículo ‘Noé fez tudo o que foi mandado’ depende igualmente de ‘achou graça’.

 

Fé Falsa vs. Fé Verdadeira

Se mal interpretamos este fato ao contrário, é muito fácil para nós viver considerando a fé falsa como fé verdadeira. Por exemplo, ao falar da fé de uma pessoa, muito frequentemente usamos critérios como quantas vezes leu toda a Bíblia, ou quão diligentemente assistiu às orações matinais, ou quanto conhecimento teológico possui. Às vezes, avaliamos sua fé pela forma como oram. Não deixo de entender nossos sentimentos e razões para falar de fé baseando-nos em tais coisas, mas precisamente essas coisas se convertem em evidência de que não entendemos adequadamente o que é a verdadeira fé.

 

Todos sabemos bem. Seguir a palavra de Deus é o que chamamos de obediência. Assim, vivemos considerando importante guardar a palavra com determinação, embora seja difícil, pelo bem desta obediência. Isso está correto. E estou totalmente de acordo em que a conclusão de toda a escritura é a obediência, guardar a palavra de Deus. Porque se você escuta a palavra, mas não age em consequência, poderia não servir de nada em absoluto. Que significado há em só escutar a palavra, não guardá-la em absoluto e só conhecê-la intelectualmente?

 

Ao pensar desta maneira, o destino da obediência só se distinguirá por se há ação ou não. Comumente pensamos que nos converter em filhos de Deus salvos é pela graça de Deus, mas nós, que somos salvos por essa graça, devemos então viver obedecendo diligentemente a vontade de Deus segundo essa vontade. Parece haver pouca razão para que objetemos aqui. Porque realmente não há uma razão para objetar a afirmação de que fomos salvos por graça e agora devemos viver diligentemente segundo a palavra de Deus.

 

No entanto, há uma razão pela qual dizer isso pode ser perigoso para nós. Porque dois conceitos são colocados separadamente em duas orações. A graça está em uma oração, e nossa obediência diligente à palavra existe separadamente em outra oração. Ou seja, se obedecemos diligentemente, terminamos exercendo toda nossa força segundo nossa vontade. Mas, infelizmente, tal diligência originada na vontade nos leva a dois erros principais.

 

Um é que esta obediência diligente não funciona bem. Claramente queremos obedecer, mas não resulta. Então, aqueles entre vocês que, depois de lutar durante uma semana para viver segundo a palavra de Deus, podem oferecer pleno agradecimento diante do Senhor durante o culto dominical por terem vivido toda a semana perfeitamente, provavelmente não existem, incluindo a mim. Não podemos conseguir uma obediência perfeita nem mesmo por um único dia, e muito menos por uma semana. Portanto, a frustração sobre este aspecto de si mesmo surge inevitavelmente. É frustração sobre si mesmo que ainda não mudou em absoluto apesar de crer em Jesus durante décadas. Porque sempre parecemos seguir sendo os mesmos. Ainda vivemos com as mesmas preocupações que tínhamos no passado, e ainda vivemos sem poder fazer as coisas que não podíamos fazer no passado.

 

É por isso que terminamos nos agarrando ao Espírito Santo. Não é mau em absoluto. Terminamos orando ao Espírito Santo por uma fé fervorosa. Confiando na obra do Espírito Santo, só podemos nos mover na direção de superar nossas fraquezas. Porque nós mesmos não somos nada. No entanto, confiar na obra do Espírito Santo, acender-se e saltar poderia durar um ano ou dois, mas como podemos viver saltando assim toda a vida? Isso também tem seus limites. É o mesmo para mim. Eu também uma vez saltei assim e tentei voar, mas eventualmente, houve limites.

 

Junto com tal frustração, também construímos nossa própria justiça. Empilhamos as boas obras que fizemos uma por uma. 'Ainda liguei para a pessoa que me ofendeu esta semana e a perdoei', ou 'Esta semana, não perdi nem um único dia de leitura bíblica e oração matinal' – agarrando-nos a tais coisas, oramos a Deus. E essa oração se torna algo diferente de outras vezes. Ao orar, nossa cabeça diante de Deus se levanta ligeiramente. Significa que temos algo de que nos gabar diante de Deus. Mas mesmo tais coisas são igualmente perigosas para nós.

 

A Essência da Verdadeira Fé: Confiança, Não Obras

Então, o que é exatamente a verdadeira fé? Caímos em preocupações similares diariamente com respeito ao tema da salvação, que é, 'Por que minha fé sempre é só assim?'. Assim, às vezes, parece que frequentemente carecemos de convicção sobre se sou verdadeiramente uma pessoa salva. Amigos, como surge a segurança da salvação? Não depende de quão forte ou certa seja essa segurança. Depende unicamente do tema de se essa segurança de salvação provém da verdadeira fé ou não.

 

E o que distingue claramente a fé verdadeira da fé falsa está bem representado na Confissão de Fé de Westminster. Segundo esta confissão, mesmo a fé mais pequena, se está dentro da verdadeira fé, é suficiente para salvá-lo. No entanto, não importa quão grande pareça a fé de alguém, mesmo se serviu extensamente na igreja, é respeitado por muitas pessoas, tem um amplo conhecimento bíblico e se tornou pastor ou ancião ensinando a outros, ainda podem ser falsos crentes. Porque a verdadeira fé não está pendurada em tais ações, mas no que se crê. Porque o que cremos determina toda a fé.

 

Então, o que é o que cremos? Origina-se não só do conteúdo e das ações da fé, mas, como implica literalmente a palavra fé, do coração que tenta confiar em tudo até o final. É o coração que tenta confiar tudo a Deus. No entanto, a fé falsa não tenta confiar em Deus, mas finge confiar em Deus, mas finalmente confia no poder que possuo. E tais coisas frequentemente fluem naturalmente de minha vida e minha boca sem que eu perceba, como se esta fosse a forma correta. Às vezes chamamos a isso mérito, ou autojustiça. É gabar-se de si mesmo.

 

Evidência da Verdadeira Fé: Negar a Si Mesmo e Exaltar a Jesus

Não é que nos gabamos abertamente. Sempre nos gabamos de nós mesmos sutilmente, indiretamente. Se assistimos diligentemente à oração matinal, em vez de criticar os que não assistem, explicamos diligentemente quão maravilhoso foi esse tempo de oração matinal. E encorajamos amavelmente os que não puderam assistir a que o façam. Parece que nos preocupamos muito com a outra pessoa, mas frequentemente a intenção é revelar que eu estive naquele lugar enquanto você não.

 

Em última análise, tendemos a explicar nossa fé baseando-nos em quão fielmente vivemos para a obra de Deus. Se alguma vez tentar explicar sua fé pelo bem que está crendo, está sendo enganado por Satanás. Nossa fé deve ir para confiar no Senhor Jesus forte, embora eu seja fraco. Deve ir para confiar só no Senhor, embora não possa fazer nada. Porque este é o conteúdo de nossa verdadeira fé que nunca deve ser esquecido sob nenhuma circunstância. Podemos ser fortes, ou podemos ser fracos, mas devemos viver uma vida confessando que não posso alcançá-lo sem Deus. Devemos viver uma vida nos afastando da tendência de confiar constantemente em nós mesmos ou no que fizemos.

 

No entanto, podemos viver agindo como se essa fé falsa fosse fé verdadeira, enganando outros e até a nós mesmos. Mas não devemos esquecer. Só a verdadeira fé pode nos salvar. Quanto tempo se assistiu à igreja, quão bem se memorizam os versículos bíblicos, ou se um é pastor, ancião ou diácono, na realidade não tem nenhum significado diante de Deus. Nossa verdadeira fé depende unicamente de quanto confiamos em Deus, confiamos na cruz de Cristo. Quando estivermos diante do Senhor, devemos oferecer esta confissão de volta: ‘Senhor, entre tudo o que fiz, não há nada que tenha feito bem; minha aparência foi fraca e deficiente, mas me agarrei só ao Senhor. Vivi agarrando-me só a Jesus.’ Este é um dos critérios mais importantes que distinguem a fé verdadeira da fé falsa. Se alguém nos pergunta sobre nossa fé, sobre o que cremos, o que deve fluir de nossas bocas não é quão diligentemente vivemos a vida da igreja, mas louvores como ‘Embora fraco sou, forte Ele é’, ‘Sublime graça, que doce o som, que salvou um vil como eu’. Esta é a verdadeira fé.

 

Por Que Devemos Obedecer? (Catecismo de Heidelberg)

A determinação 'Devo fazê-lo' sempre é apenas uma carga pesada para nós. Este tipo de obediência extenuante não está errado, mas não devemos esquecer que pode levar ao resultado de que a graça esteja separada, a ação esteja separada. Nossa obediência sempre deve fluir naturalmente como resultado da graça. Só então surge a verdadeira ação.

 

Esta palavra 'atuar' como examinamos anteriormente, é o mesmo que obediência. 'Atuou segundo a palavra'. Assim, não é uma resolução de apertar os dentes e lidar com isso apesar da dificuldade. Há uma parte do Catecismo de Heidelberg que mais gosto, excluindo a pergunta 1, permitam-me lê-la. Pergunta 86 do Catecismo: ‘Já que somos redimidos do nosso estado miserável pela graça de Deus através de Cristo, sem nenhum mérito próprio, por que devemos obedecer e viver boas vidas?’ Se toda a salvação se deve à graça de Deus independentemente de minha obediência ou boa vida, pergunta se realmente há necessidade de que eu tente viver bem ou limpa, cedendo aos outros.

 

1. Salvação: Resgate e Remodelação (Perseverança dos Santos)

Com respeito a isso, este catecismo explica de duas maneiras. ‘Porque Cristo, havendo-nos redimido por Seu sangue, também nos renova por Seu Espírito Santo, para que sejamos como Sua imagem.’ Primeiro, diz porque Cristo, que nos redimiu por Seu sangue, também nos restaurou à Sua imagem por Seu Espírito. Em outras palavras, esclarece que Cristo não só nos redimiu por Seu sangue, mas que também nos renovou por Seu Espírito para nos assemelhar à Sua imagem.

 

Esta é a primeira razão. Esta afirmação reexplica o conceito de salvação. Frequentemente pensam na salvação como resgatar uma grande pedra afundada em um lago. Mas Deus considera que a salvação inclui quebrar essa pedra e criar uma obra de arte. É por isso que nunca podem saber com certeza por sua convicção se são salvos ou não. A salvação não se consegue proclamando em voz alta que você tem segurança de salvação, mas se pode saber se os golpes do martelo de Deus estão presentes em mim ou não.

 

É muito claro. Só aqueles que têm as marcas de Seus golpes de martelo em nossos corpos, além de serem resgatados, possuem verdadeira fé. Porque Deus finalmente nos moldará à imagem de Cristo. Isso é precisamente o que conhecemos bem como a ‘perseverança dos santos’. Não é gritar 'Vou para o céu de qualquer maneira' baseando-se em uma crença única, mas que essa história de Deus moldando você como Seu filho deve ocorrer continuamente em minha vida. Até que sejamos aperfeiçoados, Deus não deterá esses golpes de martelo.

 

2. Motivo da Obediência: Gratidão, Não Dever

Essa foi a primeira explicação do conceito de salvação, e em segundo lugar, responde assim: ‘Isto é para que com toda a nossa vida nos mostremos agradecidos a Deus por Seus benefícios, e que Ele seja louvado através de nós; também, para que cada um de nós possa estar seguro de sua fé por seus frutos, e que por nossa piedosa caminhada possamos ganhar outros para Cristo.’ Esta poderia ser uma tradução algo complexa, mas permitam-me ler esta parte novamente da versão CRC:

 

‘Para que através de toda a nossa vida mostremos que estamos agradecidos a Deus por sua graça. Para que ele seja louvado através de nós. Para que possamos estar seguros de nossa fé pelo fruto de nossas vidas. E para que por nossa vida piedosa nossos vizinhos possam ser ganhos para Cristo.’

 

A razão pela qual gosto desta passagem é a parte que estabelece que o que podemos oferecer seguindo a graça de Deus não é ‘obediência’ mas ‘agradecimento’. Não é mostrar que minha salvação é certa vivendo obedientemente segundo a palavra, mas usa a expressão agradecimento.

 

Amigos, já ouviram que o Catecismo de Heidelberg consta de três partes? A primeira parte trata sobre quão miseráveis são os humanos, a segunda parte trata sobre como Deus resolve essa miséria humana, e a terceira parte não consiste em perguntas e respostas sobre como vive a pessoa que recebeu essa resolução em ‘obediência’, mas como vive em ‘agradecimento’. Assim, nossa obediência é uma ação que expressa gratidão. Significa que a obediência, como você e eu a pensamos, não é algo que simplesmente deva ser feito incondicionalmente ou usado no sentido de 'deve ser feito', mas que surge como uma ação de gratidão.

 

Confissão de Davi: A Fonte de Força é Deus

Aqui está Davi dirigindo-se a Deus nos Salmos do Antigo Testamento: ‘Ó Deus nosso, te damos graças e louvamos teu glorioso nome.’ Isso foi logo depois que Davi reuniu muitos materiais para construir o templo. Naquele momento, orando a Deus, dá graças ao Senhor e louva Seu glorioso nome. E então, na oração contínua, diz isto: ‘Mas quem sou eu, e quem é meu povo, para que pudéssemos oferecer voluntariamente coisas semelhantes?’ Em outras palavras, está confessando que preparar-se para construir este templo ordenado por Deus não foi possível devido a nenhuma força em nós que obedecemos esse mandamento. E confessa que pôde fazer essa obediência com um coração disposto.

 

Obediência Oferecida com a Força de Deus

Amigos, este é o núcleo real do conteúdo que a obediência de que estamos falando contém. A primeira parte é reconhecer que não temos força. E então, é realizar essa obediência com um coração disposto. Em outras palavras, para nós que conhecemos Jesus Cristo e nos tornamos filhos de Deus, a obediência já não deveria ser uma carga, nem pode sê-lo. Nós mesmos não podemos alcançar essa obediência. Não temos força. Davi também não tinha força.

 

Mas sigamos olhando a confissão de Davi: “Pois tudo é teu, e do recebido de tua mão te damos.’” Esta é a forma de obedecer de Davi. Nenhuma força provém de nós mesmos. No entanto, a Bíblia diz que temos força. Qual é a razão? Porque constantemente recebemos algo do Senhor. Porque você recebeu algo de Deus. É por isso que Deus lhe diz para vir a Ele com isso. E porque isso é algo que todos os crentes possuem comumente. É por isso que podemos ir a Deus com essa força.

 

Permitam-me dar um exemplo fácil. Na escola primária, o professor deu tarefa aos alunos. Era um problema de aritmética muito difícil, mas quando abriram a tarefa em casa, as respostas já estavam todas anexadas, e todos os problemas já estavam resolvidos. E os alunos só tinham que levar essa tarefa de volta ao professor. Então o professor louvaria os alunos e lhes daria uma nota de 100. Não temos a capacidade de resolver essa tarefa de novo, mas só precisamos levá-la de volta ao professor tal como está. E essa força veio precisamente do professor. A atitude mostrada ao professor pelos alunos que resolveram a tarefa com a força do professor é a aparência/figura de obediência que devemos ter. Os alunos não oferecem nada mais do que gratidão incondicional ao professor. Essa é a aparência/figura da obediência.

 

Esta é a obediência que devemos oferecer a Deus. Por favor, não tentem servir com o que possuem. Não vivam como se fossem alguém que pode obedecer abundantemente a Deus com suas habilidades. Somos pessoas que não precisam se frustrar nem se desesperar porque não podemos fazer isso. Somos pessoas que vamos a Deus segurando o que Deus tem dado. A obra de seguir a palavra é porque tudo vem do Senhor, assim vamos a Deus segurando a graça e o amor recebidos de Deus, Suas coisas, e nos regozijamos e damos graças. É por isso que a Bíblia nos ordena dar graças em toda circunstância.

 

O Vínculo Entre Obediência, Gratidão e Amor

A obediência de Noé foi a mesma. Essa obediência não era algo que Noé simplesmente tivesse que fazer. Amigos, é por isso que cada vez que falamos de gratidão, não podemos evitar louvar e dar glória a Deus. Que mais poderíamos dizer? Se entendem isso, creio que podem entender facilmente também a história de Simão e a mulher pecadora nos Evangelhos.

 

Esta famosa história de Lucas trata sobre uma mulher pecadora que unge a cabeça de Jesus com perfume quando Jesus visitou a casa de Simão. Naquele momento, Jesus diz estas palavras: “E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou os meus pés com lágrimas, e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste beijo; mas esta, desde que entrei, não tem cessado de beijar os meus pés. Não ungiste a minha cabeça com óleo; mas esta ungiu com perfume os meus pés. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou.”

 

Amigos, eu disse que a obediência é viver segundo a palavra de Deus, e é uma vida de gratidão. Provém da gratidão. Então, de onde se origina essa gratidão? É o amor. Porque estamos agradecidos, seguimos a palavra, e a razão pela qual podemos fazê-lo é porque amamos. Se você quer amar, primeiro deve receber amor. É por isso que Noé é uma pessoa que caminha com Deus.

 

Conhecendo o Coração de Deus: Espírito e Palavra

Amigos, não só devemos contar nossas histórias a Deus, mas também aprender juntos o coração de Deus. Alguma vez pensaram por que Deus se sente desconsolado? Se não podemos compreender isso, não poderíamos ser chamados amigos. Sabem talvez quando Deus se regozija? Se não sabemos isso, que tipo de amigos podemos ser? Que tipo de pessoa é um amigo? Se conto unilateralmente meus assuntos privados, pode-se formar uma verdadeira amizade através disso? Você deve escutar também a história do amigo.

 

Assim, precisamos conhecer as profundezas do coração de Deus. Como podemos sabê-lo? Sabemo-lo por ‘o Espírito que tudo esquadrinha, até mesmo as profundezas de Deus’. (cf. 1 Cor 2:10) E esse Espírito está conosco! Isto é. É por isso que precisamos conhecer as palavras da Bíblia. A Bíblia explica em detalhe as razões pelas quais Deus se dói. E a Bíblia fala com grande detalhe sobre os momentos em que Deus se regozija.

 

Deus: Meu Verdadeiro Amigo, Meu Gozo

É por isso que precisamos ler e entender esta Bíblia. Deus, que me conhece melhor do que eu me conheço, se torna meu tudo, me diz que me ama e caminha comigo. Ele é meu amigo, meu verdadeiro amor. Chegamos a conhecer a Deus que me chama justo, embora eu pareça falhar e cair diariamente. Deus que me cria de novo cada dia, Deus que conhece meu nome e me chama, e o verdadeiro amigo que me reconhece claramente a mim, a quem ninguém mais reconhece, e se regozija verdadeiramente em mim – nós o encontramos.

 

Invejo muito aqueles que têm muitos bons amigos e mantêm boas relações com tais amigos. Tendo vivido sozinho por muito tempo desde a infância, há muitas vezes que não conheço adequadamente o rico significado que tem a amizade. Assim, creio que aprendo o verdadeiro significado dessa amizade mais de Deus. Como Jesus é meu amigo, quero conhecer melhor o coração de Cristo, e por isso ler a Bíblia é agradável. Não é agradável porque a Bíblia me dá conhecimento, nem é bom porque entendo mais da verdade da Bíblia, mas simplesmente porque me encontro com Jesus. Quando aprendo mais sobre as profundezas do coração de Jesus, o fato de ter chegado a conhecê-lo mais, a quem poderia ser meu único amigo, é gozo para mim.

 

Relação Mais Além do Fracasso

Porque Ele verdadeiramente me reconhece e se regozija em mim. Portanto, para mim, o fracasso, a frustração – estas coisas podem se converter em nada. Mesmo que esta igreja onde ministro encontre muitos problemas, e tudo colapse e caia, embora seria dilacerante, da minha perspectiva, poderia não significar nada. É dilacerante porque é a igreja de Deus; não há razão para que me doa porque foi meu trabalho. Porque meu fracasso não é tão importante. Mesmo que meu ministério seja muito bem-sucedido e a igreja cresça muito, isso não tem significado para mim. Se há significado, é só que devido a isso, muitos do povo de Deus chegaram a viver como povo de Deus no reino de Deus. Meu fracasso e meu sucesso não são importantes para mim em absoluto.

 

Quando era jovem, frequentemente pregava pregos em madeira com meu pai. Meu pai me disse para tentar uma vez, mas sendo muito jovem, seguia batendo nos dedos com o martelo. Vendo isso, meu pai segurou minhas duas mãos juntas e martelou. Mas tendo medo, de repente retirei minha mão esquerda que segurava o prego, e o martelo bateu na mão do meu pai. No entanto, meu pai não se zangou em absoluto; continuou me animando e me dando coragem, assim, finalmente, consegui pregar esse prego na madeira.

 

É o mesmo. Deus não é um pai que te repreende por não poder fazê-lo. Deus é quem segura sua mão, e mesmo enquanto Sua própria mão se dilacera, Ele assegura que possamos terminar o trabalho. Que Deus me sustenta até o final – podem nossos numerosos fracassos, frustrações e desesperos superar a mão desse Pai? A nova criação nos acontece diariamente. Então, o que poderia derrubá-la?

 

Obediência Sem Medo: De Pé Sobre a Rocha

Viver segundo a vontade de Deus é verdadeiramente algo gozoso. Esse trabalho não é algo difícil, incômodo ou de sucesso incerto. Esse trabalho continua sendo gozoso mesmo se não vai bem. No mundo, uma pessoa que não mente é chamada de excelente. Quando vemos tal pessoa, a louvamos. Provavelmente não há nenhuma sociedade que amaldiçoe alguém por tentar viver com sinceridade. Do mesmo modo, não é estranho em absoluto para nós, os crentes, não nos envergonharmos de tentar não pecar.

 

Tentar viver a vontade de Deus não é nem incômodo, nem difícil, nem vergonhoso. Poderia ser incômodo, mas não está errado. Poderia doer porque não vai bem. Está bem. Falhar não é nada de que se preocupar. Tentou obedecer, mas não foi bem? Não há razão para se incomodar. Porque não é algo de que se envergonhar. Tentou viver segundo a vontade do Senhor, mas não foi bem? Está bem. Ganhamos tanto quanto tentamos, e estamos agradecidos. Esforçar-se para obedecer não é um pecado. Não tentar fazê-lo é o pecado.

 

Portanto, não temam. Não há razão para temer o fracasso ou o sucesso. Já que estão sobre a rocha, cair sobre ela não é nada de que se preocupar.

 

Hino: 'Minha Esperança se Baseia em Nada Menos'

Amigos, lembram-se do hino ‘Minha Esperança se Baseia em Nada Menos’? Sabe-se que foi traduzido por Chunwon Yi Kwang-su. É uma tradução muito bem feita. No entanto, a tradução coreana do verso 3 parece conter bastante interpretação livre: ‘Quando todas as esperanças terrenas cederem naquele dia final, confiando no pacto do Salvador, minha esperança cresce ainda mais.’ O texto original deste hino é o seguinte: ‘His oath, His covenant, His blood, Support me in the whelming flood. When all around my soul gives way, He then is all my Hope and Stay.’ Traduzido, significa:

 

‘O juramento do Senhor, o pacto do Senhor, o sangue do Senhor, me sustentam neste dilúvio que tenta me engolir. Quando tudo ao redor de minha alma cede, quando tudo se sente como frustração, desespero e fracasso, o Senhor se torna toda a minha Esperança e Sustento. Sobre Cristo a Rocha sólida estou; Todo outro chão é areia movediça.’

 

O fracasso, o sucesso, o que quer que considerem grande – são como areia movediça.  Mas temos uma rocha sólida. Podemos estar sobre ela. Assim, não precisamos ser pessoas que temem obedecer. Não há razão para desanimar de antemão sobre se podemos obedecer.

 

Ação de Graças: Dar Graças Através do Amor

Essa obediência é amor, tanto quanto se faz. Essa obediência é gratidão, tanto quanto se faz. Agora é a temporada de Ação de Graças. Como devemos dar graças neste dia? Amem. Amem ao Senhor. Senhor, eu te amo.

 

Oração Final

Oremos. Senhor, hoje compartilhamos Tua palavra juntos. Desejamos passar o dia de graças segundo Tua palavra. Estaremos sobre essa Rocha sólida. Estaremos sobre Ele. Porque o Senhor que nunca muda, o Senhor que é o mesmo ontem, hoje e para sempre, se torna minha rocha, daremos graças sem preocupação nem temor. Viveremos uma vida de graças. Ajuda-nos a avançar sem temor a viver segundo a palavra. Oramos em nome de Jesus Cristo. Amém!